sábado, 29 de janeiro de 2005

Rembrandt - O asno de Balaão


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O asno de Balaão

  1. Depois os filhos de Israel partiram, e acamparam-se nas planícies de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó.
  2. Ora, Balaque, filho de Zipor, viu tudo o que Israel fizera aos amorreus.
  3. E Moabe tinha grande medo do povo, porque era muito; e Moabe andava angustiado por causa dos filhos de Israel.
  4. Por isso disse aos anciãos de Midiã: Agora esta multidão lamberá tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo. Nesse tempo Balaque, filho de Zipor, era rei de Moabe.
  5. Ele enviou mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Petor, que está junto ao rio, à terra dos filhos do seu povo, a fim de chamá-lo, dizendo: Eis que saiu do Egito um povo, que cobre a face da terra e estaciona defronte de mim.
  6. Vem pois agora, rogo-te, amaldiçoar-me este povo, pois mais poderoso é do que eu; porventura prevalecerei, de modo que o possa ferir e expulsar da terra; porque eu sei que será abençoado aquele a quem tu abençoares, e amaldiçoado aquele a quem tu amaldiçoares.
  7. Foram-se, pois, os anciãos de Moabe e os anciãos de Midiã, com o preço dos encantamentos nas mãos e, chegando a Balaão, referiram-lhe as palavras de Balaque.
  8. Ele lhes respondeu: Passai aqui esta noite, e vos trarei a resposta, como o Senhor me falar. Então os príncipes de Moabe ficaram com Balaão.
  9. Então veio Deus a Balaão, e perguntou: Quem são estes homens que estão contigo?
  10. Respondeu Balaão a Deus: Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe, mos enviou, dizendo:
  11. Eis que o povo que saiu do Egito cobre a face da terra; vem agora amaldiçoar-mo; porventura poderei pelejar contra ele e expulsá-lo.
  12. E Deus disse a Balaão: Não irás com eles; não amaldiçoarás a este povo, porquanto é bendito.
  13. Levantando-se Balaão pela manhã, disse aos príncipes de Balaque: Ide para a vossa terra, porque o Senhor recusa deixar-me ir convosco.
  14. Levantaram-se, pois, os príncipes de Moabe, vieram a Balaque e disseram: Balaão recusou vir conosco.
  15. Balaque, porém, tornou a enviar príncipes, em maior número e mais honrados do que aqueles.
  16. Estes vieram a Balaão e lhe disseram: Assim diz Balaque, filho de Zipor: Rogo-te que não te demores em vir a mim,
  17. porque grandemente te honrarei, e farei tudo o que me disseres; vem pois, rogo-te, amaldiçoar-me este povo.
  18. Respondeu Balaão aos servos de Balaque: Ainda que Balaque me quisesse dar a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia ir além da ordem do Senhor meu Deus, para fazer coisa alguma, nem pequena nem grande.
  19. Agora, pois, rogo-vos que fiqueis aqui ainda esta noite, para que eu saiba o que o Senhor me dirá mais.
  20. Veio, pois, Deus a Balaão, de noite, e disse-lhe: Já que esses homens te vieram chamar, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente aquilo que eu te disser.
  21. Então levantou-se Balaão pela manhã, albardou a sua jumenta, e partiu com os príncipes de Moabe.
  22. A ira de Deus se acendeu, porque ele ia, e o anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário. Ora, ele ia montado na sua jumenta, tendo consigo os seus dois servos.
  23. A jumenta viu o anjo do Senhor parado no caminho, com a sua espada desembainhada na mão e, desviando-se do caminho, meteu-se pelo campo; pelo que Balaão espancou a jumenta para fazê-la tornar ao caminho.
  24. Mas o anjo do Senhor pôs-se numa vereda entre as vinhas, havendo uma sebe de um e de outro lado.
  25. Vendo, pois, a jumenta o anjo do Senhor, coseu-se com a sebe, e apertou contra a sebe o pé de Balaão; pelo que ele tornou a espancá-la.
  26. Então o anjo do Senhor passou mais adiante, e pôs-se num lugar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a direita nem para a esquerda.
  27. E, vendo a jumenta o anjo do Senhor, deitou-se debaixo de Balaão; e a ira de Balaão se acendeu, e ele espancou a jumenta com o bordão.
  28. Nisso abriu o Senhor a boca da jumenta, a qual perguntou a Balaão: Que te fiz eu, para que me espancasses estas três vezes?
  29. Respondeu Balaão à jumenta: Porque zombaste de mim; oxalá tivesse eu uma espada na mão, pois agora te mataria.
  30. Tornou a jumenta a Balaão: Porventura não sou a tua jumenta, em que cavalgaste toda a tua vida até hoje? Porventura tem sido o meu costume fazer assim para contigo? E ele respondeu: Não.
  31. Então o Senhor abriu os olhos a Balaão, e ele viu o anjo do Senhor parado no caminho, e a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça, e prostrou-se com o rosto em terra.
  32. Disse-lhe o anjo do senhor: Por que já três vezes espancaste a tua jumenta? Eis que eu te saí como adversário, porquanto o teu caminho é perverso diante de mim;
  33. a jumenta, porém, me viu, e já três vezes se desviou de diante de mim; se ela não se tivesse desviado de mim, na verdade que eu te haveria matado, deixando a ela com vida.
  34. Respondeu Balaão ao anjo do Senhor: pequei, porque não sabia que estavas parado no caminho para te opores a mim; e agora, se parece mal aos teus olhos, voltarei.
  35. Tornou o anjo do Senhor a Balaão: Vai com os mem, ou uma somente a palavra que eu te disser é que falarás. Assim Balaão seguiu com os príncipes de Balaque:
  36. Tendo, pois, Balaque ouvido que Balaão vinha chegando, saiu-lhe ao encontro até Ir-Moabe, cidade fronteira que está à margem do Arnom.
  37. Perguntou Balaque a Balaão: Porventura não te enviei diligentemente mensageiros a chamar-te? por que não vieste a mim? não posso eu, na verdade, honrar-te?
  38. Respondeu Balaão a Balaque: Eis que sou vindo a ti; porventura poderei eu agora, de mim mesmo, falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha boca, essa falarei.
  39. E Balaão foi com Balaque, e chegaram a Quiriate-Huzote.
  40. Então Balaque ofereceu em sacrifício bois e ovelhas, e deles enviou a Balaão e aos príncipes que estavam com ele.
  41. E sucedeu que, pela manhã, Balaque tomou a Balaão, e o levou aos altos de Baal, e viu ele dali a parte extrema do povo

obreiros

Na poeira do tempo
Medra o vigor dos obreiros da alma

Métodos

A physicist, a chemist, and an economist are stranded on an island with nothing to eat. A can of soup washes ashore.
The physicist says, "Let's smash the can open with a rock."
The chemist says, "Let's build a fire and heat the can first."
The economist says, "Let's assume that we have a can opener."

(Paul Samuelson)

Evidência

"Someone once said about economists that they use economic data the way a drunkard uses a lamppost--for support rather than illumination."

"Or as Disraeli put it, there are three kinds of lies: lies, damn lies, and statistics."

(Paul Krugman)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Mais imagens tiradas por Smart-1 em órbita "baixa" da lua, disponíveis no site da ESA.

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Com Smart-1 em órbita da Lua desde 15 de Novembro passado, a ESA torna agora públicas as primeiras imagens da superfície lunar. Trata-se de uma lua massacrada por meteoritos, que deixam inúmeras crateras, (ver: //www.esa.int/esaCP/SEMY5JO3E4E_index_0.html)

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Coisas do tempo que corre

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Justo é o pecador na oferenda matinal da sua boa graça, longe dos desmandos da vida que leva.

Bom dia!

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

Leituras

Charles Darwin


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AUTOBIOGRAFIA de Charles Darwin

Cronologia de um homem de excepção. Relato na primeira pessoa de um percurso de vida, quando Darwin já adivinhava que o seu término estaria por perto.

Neste testemunho, na primeira pessoa, fica-se a conhecer as incertezas, as inseguranças e as motivações de um génio. Como sendo agnóstico chegou a considerar vir a ser pastor, ou como ainda ensaiou conhecer a arte médica, apesar do cepticismo da voz venerada do pai, debalde.

Revela-nos a insatisfação que retirava do estudo rotineiro e enfadonho do seu tempo, desde temas científicos que mais tarde dominou com mestria, como a geologia, ao estudo dos clássicos. Da imensa incapacidade, para seguir de um modo consistente, um longo e detalhado raciocínio, metódico, como aquele que se exige a um matemático.

Darwin não esconde ainda a sua admiração por alguns dos seus contemporâneos pela sua vivacidade, rapidez de raciocínio, cultura científica, que em muitos casos ele considerava não serem as suas maiores qualidades. De novo, sugere-nos incertezas tão humanas. Darwin assume a sua persistente pulsão para seguir os caminhos científicos excêntricos do seu tempo, dando ainda nota de algum deleite pela pacatez do recolhimento do lar, mas não esconde o desejo de ser reconhecido por pares e sociedade em geral, ou desejar reservar para si algum lugar na memória dos homens.

Darwin reconhece-se com a capacidade de intuir padrões entre os factos conhecidos, mais do que estabelecer juízos dedutivos. Guarda na memória a sua imensa capacidade de trabalho sistemático na recolha de dados e observações, que desde a mais tenra idade o entusiasmava. Dá a conhecer a paixão que nutria pelas longas caminhadas na natureza, ou as férias consumidas em jornadas a cavalo pelos campos.

É um livrinho muito interessante, que se lê num sopro, meio testamentário, onde as hesitações que perpassaram a vida deste génio, e os acasos felizes como parece ter sido a oportunidade de uma viagem no Beagle são vertidos para o papel.

AUTOBIOGRAFIA de Charles Darwin, ed. Relógio D’Água

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

É o frio que nos assola, enregela o cérebro e atrofia a alma.
Há frio a montes para os dias que aí vêm.
Importa encontrar o aconchego do coração, onde a razão já não vai chegando.
Tempos virão, onde seremos de novo senhores da nossa causa, visionários do nosso destino.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

A propósito de um artigo de opinião

A ler com atenção o artigo de MST, no público de hoje. O articulista coloca questões da maior pertinência. São linhas de interpelação dos agentes políticos de quem acompanha o debate político, sem o empenhamento tresloucado de um adepto.

A peleja política deve servir para bastante mais do que enunciar estados de alma, todos eles respeitáveis, ou para malabarismos retóricos.
Os agentes políticos têm fazer sentido na ordem das coisas, devem servir um propósito superior a eles próprios. Está do seu lado, captarem este sentido ontológico, darem-lhe materialidade na mensagem que veiculam e enunciarem um propósito comunitário às nossas vidas, para além da contradição e do ruído tão próprio da vivência democrática de uma comundiade.

Vozes

Do degredo das ideias
Vociferam vozes em frenesim
Em dissonância militante

domingo, 16 de janeiro de 2005

Leituras

Carlo Cipolla: Conquistadores, Piratas e Mercadores



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Leituras

"Real de a ocho" do livro de Carlo Cipolla publicado na Teorema. Ver post do dia 16.1.05

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Real de a ocho

Cipolla fala-nos de uma época, que começa na escassez de material precioso. É traçado o retrato de um império que despoletou uma união monetária inesperada, intercontinental, sem requisitos de união política. O autor dá conhecer de que modo a exportação incessante da prata, extraída das minas das novas colónias nas Américas, para o resto do mundo, desencadeou uma difusão súbita sem precedentes de moeda com valor de troca.
Ficamos a saber que a prata importada das Américas, por Espanha, tornou possível cunhar moeda - “real de a ocho” – que em todo o mundo “civilizado” da segunda metade do Século XV manteve um valor de unidade monetária efectiva, sustentando as transacções comerciais entre povos.
Conta-nos ainda, como os espanhóis não perderam tantas embarcações ao serviço da exportações de minério para o velho continente, como a mitologia marítima faz crer, mesmo não sendo marinheiros de primeira água. Para além de tantos outros detalhes preciosos da colonização espanhola das Américas.

Uma leitura interessante.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

Ousar

A tentativa de Ellen Macarthur, no seu multicasco de 75 pés (http://www.teamellen.com/), é para os nossos dias uma viagem de epopeia. É enorme a ousadia desta lutadora solitária contra o tempo, em redor do planeta, pelos oceanos. Num mundo de todas as comunicações imediatas e acessíveis, trata-se de uma experiência única.

Mesmo com toda a tecnologia, toda a preparação, os patrocínios, a imensa equipa que na retaguarda garante o sucesso. Continua a ser o navegador, o barco e os elementos da natureza. A táctica de navegação feita de coragem, inteligência e risco, em partes desiguais.