quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sossego

Amiúde debato-me com a futilidade da introspecção. O tempo sugere-me quão dispensável é o que na realidade somos. É bastante a todo o momento o que aparentamos, ou damos forma. Para quê pensar, quando nada nos leva para lá desta fracção de tempo, ou nos torna divisível. Nunca nos ultrapassaremos na nossa condição de minúsculas amostras de matéria, reflexo de uma amalgama que o Universo na sua indecifrável complexidade tolerou, em breves instantes de um tempo Cósmico.

Como é bom deixar-me levar pelo tempo. Seguir em alegre contemplação a queda da folha da árvore, sem certezas, nem explicações. Naquele movimento errante percorrido até se deixar deitar no solo em repouso, em antecipação da putrefacção que a natureza escrupulosamente preparou para a matéria do Carbono.

Deixo-me respirar o momento, cada momento, em contemplação, sem aspirações nem molduras, e então talvez me reencontre com o sossego.

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