terça-feira, 25 de janeiro de 2005

AUTOBIOGRAFIA de Charles Darwin

Cronologia de um homem de excepção. Relato na primeira pessoa de um percurso de vida, quando Darwin já adivinhava que o seu término estaria por perto.

Neste testemunho, na primeira pessoa, fica-se a conhecer as incertezas, as inseguranças e as motivações de um génio. Como sendo agnóstico chegou a considerar vir a ser pastor, ou como ainda ensaiou conhecer a arte médica, apesar do cepticismo da voz venerada do pai, debalde.

Revela-nos a insatisfação que retirava do estudo rotineiro e enfadonho do seu tempo, desde temas científicos que mais tarde dominou com mestria, como a geologia, ao estudo dos clássicos. Da imensa incapacidade, para seguir de um modo consistente, um longo e detalhado raciocínio, metódico, como aquele que se exige a um matemático.

Darwin não esconde ainda a sua admiração por alguns dos seus contemporâneos pela sua vivacidade, rapidez de raciocínio, cultura científica, que em muitos casos ele considerava não serem as suas maiores qualidades. De novo, sugere-nos incertezas tão humanas. Darwin assume a sua persistente pulsão para seguir os caminhos científicos excêntricos do seu tempo, dando ainda nota de algum deleite pela pacatez do recolhimento do lar, mas não esconde o desejo de ser reconhecido por pares e sociedade em geral, ou desejar reservar para si algum lugar na memória dos homens.

Darwin reconhece-se com a capacidade de intuir padrões entre os factos conhecidos, mais do que estabelecer juízos dedutivos. Guarda na memória a sua imensa capacidade de trabalho sistemático na recolha de dados e observações, que desde a mais tenra idade o entusiasmava. Dá a conhecer a paixão que nutria pelas longas caminhadas na natureza, ou as férias consumidas em jornadas a cavalo pelos campos.

É um livrinho muito interessante, que se lê num sopro, meio testamentário, onde as hesitações que perpassaram a vida deste génio, e os acasos felizes como parece ter sido a oportunidade de uma viagem no Beagle são vertidos para o papel.

AUTOBIOGRAFIA de Charles Darwin, ed. Relógio D’Água

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é caro MV, eu também o livro que cita e encontrei uma personagem bem mais humana e próxima do comum dos mortais do que esperaria.

Susana